Ver o lado bom (mesmo quando é difícil) | k2s71

VERA LÚCIA LUZ ERTHAL 6f5b43
No silêncio da minha saudade,
Vejo-me ainda na lida.
Viajando em lombo de mula ou cavalo,
Tocando tropas, indo e voltando,
Lembro-me o dia ando...
Iniciado ao cantar do galo.
Serpenteando colinas, pelo caminho,
Entre sangas e capões, atrás do gado,
Não querendo perder nenhum...
Sozinho ou com os peões,
Buscando algum desgarrado.
Sinto o cheiro da comida,
Feita em fogo de chão!...
Com os víveres das bruacas,
Costuradas em couro de boi.
Carne seca, farinha, feijão...
Café e feijão tropeiros, saudades...
Ah, tempo bom que já se foi!...
Mas o que mais sinto falta,
É da companheirada!
Amigos da mesma estirpe,
Colegas da velha estrada.
Aberta em trilhas criadas,
Ou velhos caminhos traçados.
Levando, aos assobios e aos gritos,
Bovinos, cavalos e mulas...
Variados rebanhos de gado.
E quando a noite caía,
A gente preparava o pouso.
Em lugares já conhecidos,
Puxávamos lonas e capas.
Os animais descansavam,
Sob as estrelas ou chuva,
E os viventes, na luz turva,
Repousavam de mais um dia vencido.
Nossas bravas companheiras,
Em casa, de tudo cuidavam.
Criando os filhos, sozinhas,
Aguardando o nosso retorno.
Por alguns dias, ficávamos,
Até reunir nova tropa
E começar tudo de novo.
No vai e vem da vida tropeira,
Surgiram pequenas vilas, mais tarde, cidades.
Eram caminhos de compra e venda, ou troca.
Negócios de constante diversidade.
Assim, também se originou,
Esta cidade, chamada Otacílio Costa!
Então, meu bisneto amado!
Esta é a breve história,
De um velho tropeiro errante,
Que guarda aqui na memória,
Tantos causos e a vivência,
Que num breve instante, revivo.
Saudoso, em minha consciência.
Um povo deve conhecer,
O ontem de sua história!
Pois quem não sabe de onde veio,
Não saberá para onde ir, não tem memória...
Tropeiros, madeireiros, comerciantes,
Muitos aram por aqui,
E deixaram, nesta terra, como herança,
Os valores de bravura que deixo para ti!
16/04/2025
VERA LÚCIA LUZ ERTHAL
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